Sopa de letrinhas

Sopa de letrinhas

terça-feira, 26 de julho de 2016

Plenitude

Não me venha com o raso:
Meu coração é fundo.
Sou prato cheio pro amor.
Pra nadar no meu mundo,
Pule de cabeça - por favor.
Não há perigo.
Tampouco falta de abrigo
Ou de espaço pra dor.

Não me venha com o raso:
Meu sonho é profundo.
Quando acordo, já tô dentro de você.
Só na pele eu não fico;
A carne não basta.
Sua alma é tão vasta...
E eu exploro até o fim.

Não me venha com o raso.
Não se segure nem meça.
É o total que me interessa.
Não sou de metades
- nem de quase cheios
ou quase vazios.
Prefiro transbordar.
Sou da plenitude
E da infinitude
Enquanto durar...

Despedida

Amor maior da minha vida,
Como falar em despedida?
Seu olhar tem paixão,
Ainda.
Seu cheiro tem ternura.
Quando foi que meu coração
Entrou numa sala escura?
Quer-se clarear,
Desejo o desejo.
Me recuso a encarar
Tudo aquilo que já vejo.
Então já veio o "Já vou":
Lágrimas nos olhos e,
Nas bocas, o beijo.
Eternizado.
Como nossa história.
Como nosso amor.
O maior da minha vida...

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Os Peixes do cerrado

No meu coração há Peixes
Que pulam sem parar;
Tiram meu sono em pleno luar.
Meu coração é um terreno seco
De um velho cerrado...
Plano e bem planejado.
Mas os Peixes ficam lá,
Querendo mais, querendo mar.
Às vezes é preciso inundar,
Então,
Meu coração.
Senão os Peixes morrem
E lágrimas escorrem
De um Aquário reprimido.
Quando chove no coração-sertão
Transbordam gotas de felicidade
Pelos olhos, pela boca, pelos ouvidos...

terça-feira, 24 de maio de 2016

Amores e anemias

Tenho andado
Conflitada
Gosto do concreto
Mas também do mistério
Gosto do decreto
Mas também do duvidoso
Gosto do puro
Mas também do maldoso...

Tenho andado
Desandada
Não sei se meus passos
Seguem a frente
Da caminhada
Mas caminho.
Salto o prudente,
Fujo da calçada.
Tropeço na ansiedade,
Me perco nas viradas.
Durmo nas esquinas
- gosto dos sonhos... -
Mas também das estradas
De chão.
Sou da terra
Mas também do coração...

Me perco nos versos,
Fico entre.
A prosa e a poesia.
No meu ventre,
Explodem diversos
Amores e anemias.
Mas ambos me alimentam,
Me libertam. Juntos.
São o meu guia.


segunda-feira, 2 de maio de 2016

Antítese

Nada de poesia.

Uma boa dose de realidade
- que de "boa" não tem nada -
Me força o pé na estrada,
Com bastante crueldade.

Nada de poesia.
Nadei em vão pro teu Mar.
Estranhamente vazia,
A Vida muda de lugar.

Nada de poesia.
Isso que faço é uma farsa.
Tiro da mente a fantasia:
Do coração, a ameaça.

[Tudo bem, tudo se acalma...
Nada de loucos.
E matando a alma
Aos poucos...]

Nada de poesia.
E novamente ela aparece...
Quanto mais se cobre o fogo,
Mais fogo permanece?

domingo, 24 de abril de 2016

Reticente

Deixa que a poesia se dá...
Espera que ela acontece...
E a gente vai com ela...
Vida nova só cresce...

Reticente e tão segura...
Firme e forte na loucura
E o coração só amolece...

As palavras vão se unindo...
E eu continuo fingindo
Que já entendi tudo...

Tanta coisa me alivia!:
A simplicidade da sintonia
O olhar nada mudo...

Torno mesmo a não pensar.
Deixa que a Vida se dá, ora!
Sinto pulsando aqui dentro,
Sigo expulsando aqui fora.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Declaração

Eis que Ele retorna:
A força mágica que tudo cura.
Faz de mim perfeita estrutura
Dentro da escultura humana.
Alivia a necessária loucura
Que o meu espírito emana.
Sou bicho, Dionísio, impura:
No divino, sou profana.
N’Ele a minha alma perfura,
Intensa e insana;
Sou toda sorte e segura:
Meu corpo é chama.
Tenho a mente nas alturas
E o coração de quem ama.

E se o meu amor é tão forte quanto o seu poder,

Teatro, eu amo você.