Agora é tarde pra chorar o vinho derramado...
Já é quase meia-noite.
Ao invés do telefone,
Pego o papel
E digo ao mundo
O que você queria ouvir.
Mas não te conto.
Conto pra mim mesma
As vezes em que você esteve
No lugar que estou agora.
É tarde
Pra dizer que a vida dá voltas,
Pra voltar na curva da volta
E pra ouvir de mim mesma
O que eu não ouvi de você.
Agora é tarde:
Você já tá dormindo
E, eu,
Ainda sonhando.
Agora é
Meia noite e tanto:
Meia lua no céu
E um mar inteiro de pranto.
Agora é tarde
Pras ações desmedidas,
Pras minhas desculpas despidas
E até pras despedidas.
Só digo adeus às poesias
Que um dia foram minhas
- as tuas -
Que contavam ao mundo
Tudo que eu jamais ouvira.
Vou contando as poesias
E catando a alegria
Que você derramou no chão
Como fez com aquele vinho bom
No tapete do meu quarto.